domingo, 31 de março de 2013

Noivas e elevadores

A exemplo do Eliéser Baco, do blog elieserbaco.blogspot.com/, também estou passando por uma fase de reformulações textuais. Agora, focando mais em contos ficcionais. Escrevi a história da Noiva da Ibema (ou noiva da estrada), e estou fazendo a sequência deste conto. Tenho ainda outroas três contos na cabeça. Um em andamento (Taco e Dingo, com dois trechos já publicados neste blog), e dois a iniciar: um sobre um elevador que nos leva a andares fantasmas, e outro resultado de um pesadelo que tive. A ideia óbvia é vir a publicar esses contos algum dia...

quinta-feira, 28 de março de 2013

Vinho me deixa realmente emotivo...

Satanizando gueros!!!

Guitarras distorcidas, vocais ensandecidos, país mercantil, templos à venda, tempos de aluguel, templos para todos os gostos. Venha, vinde a mim, caralho!!!Não mais, não mais lágrimas, não mais, não mais sofrimento, sem fogo na fogueira santa, o gelo seco que defeca partículas de saciedade em mentes opacas... isto é Brasil

quarta-feira, 27 de março de 2013

Taco e Dingo (parte 2)

Dingo, por sua vez, nascido do outro lado da cidade, com pai e mãe definidos, com uma infância problemática apenas pela pouca socialização e alguns problemas de saúde, e com a mente sempre ocupada pela Filosofia, pelos herois de fantasia e pelos códigos de programação, sequer existia no mundo de Taco. Dingo conhecia muito de muita coisa, mas pouco do que importava. A vida. Os becos. As agruras. A devassidão da noite infinita, que cala o poeta e faz cantar o cantador mais infeliz. Ele ainda não percebera que havia mais problemas no mundo que uma derrota de seu time de coração. Bandeiras? Nenhuma. Alienação classe-média, nenhuma novidade. Alguma inompetência, talvez. Sexualidade indefinida por pura falta de experiência. Também com 21 anos, mera cronologia. Na vida, pouco mais que um bebê. Um mundo a descobrir, e o medo de se jogar. Amigos? Sim, alguns, bastante bons.

Taco surgiu na sarjeta, em meio a drogados de rua, até sucumbir em uma instituição que o acolheu, bem como vários de seus colegas. Foi adotado ainda criança, mas não vingou, fugiu de casa, e fugia e fugia, e assim vive, fugindo talvez não da vida, mas da responsabilidade em torná-la algo dotado de algum sentido. A ausência do sentido é parcialmente compensada pelos delírios megalomaníacos de uma pessoa sem qualquer planejamento concreto para atingir um objetivo. Não que haja algum objetivo, além de se deixar levar pela corrente marginal e bravia do submundo. Aprendeu minimamente a ler, mas a poesia chegava apenas através da música das catacumbas periféricas que faziam seu universo noturno. Mal via a luz do sol. Namorava a lua, chamava-a de diva, orava a ela. A natureza de certa forma o impelia às calçadas sujas livres das paredes claustrofóbicas dos cidadãos comuns.

Isolamento

Ser humano é ser complexo e irascível, mostrando dentes em esgares do mais puro veneno, destilado como o melhor vinho. Este vinho maligno e corrosivo, capaz de destruir as melhores relações humanas. Com sutileza e falta de bom senso é possível devastar um grupo de amigos, um amor, um qualquer coisa que seja importante para alguém, em algum momento. Inexoravelmente, a oxidação nos relacionamentos fulmina toda forma de boa convivência. O resto é nada.

segunda-feira, 25 de março de 2013

retroagindo?

Cresci nos anos 80, vivendo um Brasil muito diferente, politicamente instável, com doidos por todos os lados, discutindo e debatendo questões mil. Cresci pensando que se criava ali uma consciência crítica (e mística) e que o nosso povo tinha tudo para evoluir. No entanto, encaramos o século XXI como o novo tempo do proselitismo, do religiosamente correto, dos preconceitos mais fervorosos, do tom reacionário mais execrável... onde iremos parar? Francamente... não sei.

domingo, 24 de março de 2013

Taco e Dingo (parte 1)


Taco taco catacolá, ali e lá ao mesmo tempo agora, como se nunca mais. Apenas mais um super-herói não reconhecido. Taco saca a arma quando falta-lhe a coragem para encarar nos olhos. Mas Taco El Pancho não é um covarde. É apenas prevenido. Ele sabe o poder que as mulheres possuem. E elas também sabem, eis o grande dilema...

Dingo Lingo Pedernero, o garoto insano, o nerd histriônico. O torcedor fanático. O colecionador frustrado por perder o Cavaleiro das Trevas original.

Taco nasceu numa gruta disforme, cheia de morcegos e baratas-tontas como ele. Taco, garoto de origem desconhecida, pais desconhecidos.  Perdido na selva suburbana, ele luta para encontrar sua identidade, entender seu sentido, sentir sua força, perceber sua alma.

Aos 21 anos, perambulando sem rumo pelas ruas desnudas de uma noite maltrapilha, encontra a velha parceira das baladas mortais, Joanita. Garota como ele, perdida como ele, nas trevas góticas da escuridão sem-fim. Bem sabe ele que a amizade nutrida por ela poderia estar em outro patamar, não fosse ela o que é. Uma lésbica ainda duvidosa, lutando para ser o que não é. Joanita é uma jovem-velha guerreira, já enfastiada de sua luta inglória. Filha de mãe solteira com pai traficante, preferiu outros caminhos. Não é desonesta, embora também não tenha uma bandeira moral. Taco a conheceu nos bares da vida, e encantou-se pelo visual soturno e olhar perdido, porém marcante. Olhos quase verdes, com tons dissonantes variáveis de acordo com ambiente e humor. Talvez a única característica marcante dela. Taco não se importava. De bar em bar, meio-fio em  meio-fio, construíram uma amizade sólida, como que ligação entre almas atormentadas pela nulidade do pária clássico.

Foi-se

Foi-se o tempo. Foi-se o rapaz. Foice. Foice. Foice. Foi-se tudo que jamais sonhamos. Foice. Foice a metade da face. Foi-se. Foice o sangue esvaindo-se. Foice. Foi-se. Genial. Olhos injetados. Ele espera. Ele aguarda. Ele se delicia. Ele aproveita. O tempo para, o rapaz para no tempo. O tempo foice. O tempo se foi. O rapaz pensa: "foi-se". Que venha o próximo. Os próximos. Vítimas, carnes, ingredientes para uma vida feliz. Sentimentos parcos, moralidade zero, sem julgamentos. Foice.

Texto escrito em 2012

Retomando o blog. Sigam e acompanhem, please :)