sábado, 10 de agosto de 2013

Andares fantasmas... Parte 1

Meu nome é Joaquim, e tenho uma história para contar... sei que ninguém vai acreditar. Mesmo pessoas não tão céticas duvidariam de tudo o que me ocorreu. O fato é que eu mesmo não acreditaria... se não tivesse vivenciado.
            Eu sou católico. Não do tipo que frequenta a Igreja todo domingo. Nem aquele que faz caridade. Eu sou um CNP (católico não-praticante, tipo comum no Brasil). Eu acredito em Deus, eu acredito até em espíritos, em pessoas que voltam para nos visitar de vez em quando. Mas nunca fui de levar a sério histórias sobre fantasmas que movem objetos e demais bizarrices do gênero. Ao menos eu pensava serem histórias bizarras... há muito de fantasia na vida da gente. O medo mesmo nos causa problemas com a sanidade. Às vezes temos tanto medo que já não sabemos se estamos mesmo vivendo aquilo, ou é uma sacanagem vinda dos céus.
            A história que vou contar aconteceu há pouco mais de um ano, e eu não espero que acredite nela. Nem me importo com isso, na verdade. Aliás, não sei se me importo com alguma coisa. Ou melhor, sim, eu até me importo com algo. Eu jamais pegarei um elevador novamente. As escadarias dos prédios ajudam a proteger nossa saúde, tanto a física quanto (e aqui eu digo, com certeza) a mental.
               Eu tenho 34 anos, sou casado, tenho uma esposa maravilhosa e dois filhos que representam o que fiz de mais importante. Trouxe minha família para morar em Curitiba, pois consegui um emprego como escriturário de estoque, por indicação de um amigo de longa data, e que atua na mesma empresa que eu. Eu vivi 32 anos entre Guarapuava, Cascavel, Turvo, Pinhão, Bituruna e adjacências. Completei apenas o ensino médio e, para sobreviver e manter minha família (casei cedo, com 25 anos), vendia o que estivesse à mão. Trabalhei para várias empresas como vendedor, oferecendo produtos os mais diversos. O trabalho era interessante, pois sempre adorei viajar. Porém, eu ficava em falta com a patroa e com os rebentos, e sentia saudades de casa. Viajar também cansa... foram pelo menos sete anos nessa rotina mortificante de pegar estrada, visitar pessoas, dormir em hotel, tudo por rendimentos que não justificavam tamanha ausência no lar. Visitava também prédios comerciais, o que sempre representou uma tortura para mim, pois tenho medo de elevador. Nasci com esse medo. Acho que entrei em um pela primeira vez, com mais de 20 anos de idade. E é como se eu nunca mais tivesse saído dele, tamanha a paúra. É uma fobia, como medo de aranha. A diferença é que eu resolvo meus problemas de relacionamento com aranhas com um chinelo. O elevador é um pouco maior e claustrofóbico... 

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